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Há alguma coisa especificamente algarvia na literatura fantástica feita por algarvios, naturais ou radicados? O primeiro passo para a resposta é saber que literatura é essa e onde está.
Título: O Homem da Laranja
Autor: Francisco Santos
Editor: Colibri / Câmara Municipal de Portimão
Nº. páginas: 57
Ano: 2001
Sinopse:
Certo dia apareceu numa pequena vila algarvia um homem de aspeto duvidoso. Perguntava se sabiam fazer uma laranja, mas era uma pergunta que deixava as pessoas um pouco confusas. Mais tarde acrescentou que as laranjas e as pessoas vinham de longe, de tão longe que parecia perto. À procura da teoria da "lonjura", andou o agricultor fazendo vigia ao pomar, dia e noite, mas a teoria da "lonjura" era uma profundidade abstrata, não se tratava bem de geografia conforme pensava o agricultor, mas uma dimensão escondida e escondida iria ficar porque o jornalista Quintanilha, assustado com tanta matéria difícil preferiu guardar segredo contra a vontade do presidente. Melhor assim, mais lúcida fica uma ideia quando nasce das pessoas e no tempo delas, pior ficam as ideias quando são injetadas sem andamento próprio.
Notas:
Noveleta de um realismo mágico bastante típico.
Título: Contos Imperfeitos
Organizadores: Paulo Kellerman e João Paulo Silva
Editor: Arquivo
Nº. páginas: 276
Ano: 2016
Sinopse:
Quantas estórias existirão em redor do Mosteiro da Batalha?
Foi a pensar em todas as estórias que são mentalmente esboçadas, dia após dia, por todos os visitantes que pisam o chão centenário do Mosteiro que surgiu a ideia: e por que não usar o Mosteiro como ponto de partida de um livro?
Por que não desafiar escritores a deambularem, imaginarem e escreverem estórias que depois se pudessem tornar um pouco as estórias de quem as lesse?
Tendo esse objetivo em mente, convidaram-se vinte escritores a visitar o Mosteiro, onde passaram um fim-de-semana; olharam, perguntaram, escutaram, aprenderam, descobriram, tocaram, partilharam, sentiram.
Depois, escreveram.
Notas:
Esta antologia inclui o conto Uma visita aos algarves, de António Manuel Venda, que habita os territórios mágico-realistas habituais do autor.
Título: O Cais das Merendas
Autor: Lídia Jorge
Editor: Publicações Europa-América (primeira edição) | Dom Quixote (edição mais recente, em ebook)
Nº. páginas: 250 (primeira edição)
Ano: 1982 (primeira edição) | 2012 (edição mais recente)
Sinopse:
Publicado em 1982, O Cais das Merendas, segundo romance de Lídia Jorge, desenvolve-se em torno dos temas da identidade e da aculturação. Trata-se de uma narrativa poética, teatralizada, em que as personagens rurais, confrontadas com o mundo exterior, dão testemunho da sua intimidade, seus medos e desejos mais fundos. Neste caso, a ação desenrola-se à beira-mar, numa praia do Sul de Portugal, girando as figuras em torno de um pólo central, o Hotel Alguergue. Ocupado durante a época alta por turistas de várias nacionalidades, o hotel fica completamente despovoado durante os meses de Inverno. É então que os naturais da zona, esquecidos dos seus hábitos, precisam de se embriagarem para voltarem a usar a sua língua materna, e recitarem em voz alta as histórias tradicionais do seu país. Figuras como Rosarinho, pai Patroços, Miss Laura ou Sebastião Guerreiro, que vemos desfilar durante esses parties interpretam a hesitação de uma comunidade dividida entre o desejo de se modernizar e de manter o que de si mesma entende por próprio e genuíno. O Cais das Merendas apresenta-se como uma espécie de anti-epopeia coletiva, sugestão dada inclusive pela divisão em dez capítulos. O último parágrafo do livro poderá servir de emblema a esta espécie de saga portuguesa sobre o esquecimento de si.
Notas:
Podendo-se ainda integrar este livro no realismo mágico, ele marca já um afastamento da autora para o registo realista que caracteriza a obra subsequente.
Título: O Dia dos Prodígios
Autor: Lídia Jorge
Editor: Publicações Europa-América (primeira edição) | Dom Quixote (edição mais recente)
Nº. páginas: 178 (primeira edição)
Ano: 1980 (primeira edição) | 2010 (edição mais recente)
Sinopse:
O Dia dos Prodígios (1980), o primeiro romance de Lídia Jorge, foi um importante acontecimento literário, inaugurando uma nova fase, de grande qualidade, na literatura portuguesa. Ocupando um lugar especial na ficção do pós 25 de Abril, este livro único conta-nos a história da coincidência da misteriosa morte de uma cobra numa pequena localidade com a revolução - a comunidade, incapaz de reconhecer a realidade política, adapta a chegada de soldados com cravos nos canos das armas ao seu mundo imaginário mágico-mítico.
Notas:
Romance integrado no realismo mágico.
Título: Entre o Corpo e a Rosa
Autor: António da Silva Carriço
Editor: Colibri / Câmara Municipal de Portimão
Nº. páginas: 25
Ano: 2003
Sinopse:
No Barranco do Demo, num tempo ainda recente, surge uma mulher estranha, curandeira e milagreira, que faz milagres fazendo amor.
Mas é depois de morta que, como obscura e diabólica vingança, ela enlouquece os homens de desejo.
"Entre o Corpo e a Rosa" é um fantástico percurso que vai do desejo (que se esconde ou revela no corpo) até à subtileza e profundidade do amor. Porque o desejo também pode perfumar a alma e fazer florir a rosa.
Notas:
Conto fantástico rural, muito próximo do realismo mágico, com alguns toques macabros que no entanto não chegam realmente a pretender causar alguma espécie de horror.
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